segunda-feira, 25 de maio de 2015

Resenha: O Chamado do Cuco e o Bicho da Seda - Robert Galbraith (J.K. Rowling)




Títulos: O Chamado do Cuco e O Bicho-da-Seda
Autor: Robert Galbraith
Editora: Rocco

E lá vem ela de novo. Preparar, largar tudo e abraçar o livro. Sou fã de J.K. Rowling, não nego que ela me ganhou pra sempre com Harry Potter. Quase dez anos já se passaram desde que terminei de ler a série do bruxo e a magia nunca perdeu o efeito em mim. Já li mais algumas obras que coloquei na categoria "genial", mas Harry Potter ainda ocupa o topo. Me desculpem todos os fãs de coisas com menos imaginação, se você quer ler algo realmente genial, leia a saga do bruxo. E sim, eu li Senhor dos Anéis, Crônicas de Nárnia e cia, gostei de todos, mas ninguém consegue manter a emoção em cada linha como J.K.

Quando ela reapareceu com Morte Súbita, fui correndo ler o livro como a boa fã que sou e bati palmas mais uma vez. Já falei de Morte Súbita e seu realismo duro aqui, completamente o oposto do mundo ficcional de Harry Potter, completamente surpreendente em como uma autora passeia por gêneros tão diferentes com maestria. E agora, pra terminar de provar que mestre é mestre, Rowling se auto desafia a ser uma autora novata e desconhecida. Escreve um livro com o pseudônimo de Robert Galbraith, um suspense policial. Envia o manuscrito para algumas editoras sem se identificar, uma delas aceita e em pouco tempo um tal de Robert Galbraith já é sucesso de crítica e é convidado para lançar um filme do seu livro. Demorou três meses para uma firma de advocacia descobrir a verdadeira identidade de Galbraith, o que frustou Rowling, ela estava apreciando comprovar que era boa mesmo. 

O primeiro livro de Galbraith, O Chamado do Cuco, apresenta Cormoram Strike, ex militar, ex agente especial, enorme, aspecto de pugilista, cabelo de pentelho, manco (meia perna foi para os ares no Afeganistão), filho bastardo de um rockeiro famoso com uma groupie sem noção e atualmente detetive particular a beira da falência. Na sequência apresenta Robin Ellacot, bem resolvida, noiva, bonita, inteligente, eficiente e estável. Robin acabou de mudar para Londres para morar com o noivo e foi enviada por uma agência de serviços terceirizados para ser a nova secretária temporária de Strike. Foi enviada quase por engano, já que ele está quebrado.

Enquanto pensava sobre como ia fazer para pagar todas as suas dívidas e mais a nova secretária, um novo candidato a cliente bate em sua porta. John Bristow quer contratar Strike porque suspeita que sua irmã tenha sido assassinada. Acontece que a irmã era ninguém mais ninguém menos que Lula Landry, uma super modelo milionária que aparentemente tinha cometido suicídio pulando da sacada do seu apartamento três meses antes. Como todos, Strike tinha ouvido falar do caso que ficou na mídia por bastante tempo e foi encerrado pela polícia como suicídio. John Bristow discorda dessa conclusão e quer, por alguma razão, que o falido detetive investigue. Até esse momento Robin não tinha tido uma impressão nada boa de Strike. No primeiro encontro do dois ela é quase atropelada por uma mulher deslumbrante com ares de psicopata (ex namorada) que saía as pressas do escritório do detetive grandalhão após ter enfiado as unhas no seu rosto e, na sequência, acaba por ser nocauteada quando ele sai atrás da maníaca e não a vê no caminho. Mas assim que ela percebe qual era sua profissão, seu entusiasmo a faz ser mais tolerante. Na verdade, Robin sempre alimentou um sonho secreto de trabalhar com investigação.

Como não estava na posição de renegar clientes, ainda mais um que pagava mais do que o pedido e à vista, Cormoran Strike começa a investigar a morte de Lula Landry e não demora para coisa começar a parecer suspeita. Contando com a ajuda de Robin, a eficiência em pessoa, Strike mergulha no mundo das celebridades milionárias para descobrir o que aconteceu.

Apesar de eu ter gostado muito de o Chamado do Cuco, o segundo livro assinado por Galbraith foi o que realmente me prendeu. O Bicho da Seda já mostra uma evolução da autora como escritora policial. Dessa vez Strike mergulha no mundo editorial ao ser contratado para encontrar um excêntrico escritor desaparecido. Com o sucesso conquistado após ter resolvido o mistério de Landry, em o Bicho da Seda o detetive volta melhor das pernas (não literalmente porque o cotoco que sobrou de sua perna direita só piora tentando carregar o fã de cerveja e torta acima) e já tem uma lista de clientes considerável. Robin que recusou empregos que pagavam bem pelo desejo de um dia se tornar uma investigadora, continua a seu lado, apesar do desgosto do noivo.

Dessa vez, a esposa magrela e sem graça de Owen Quinne (o escritor) procura Strike para que ele encontre o marido que sumiu em um ataque de fúria, após seu novo livro ter sido rejeitado pela editora. Excêntrico, narcisista, infiel e dado a ataques de raiva e estrelismo, é comum Quinne sumir de casa por alguns dias, mas dessa vez já se passaram dez e a esposa o quer de volta em casa para ajudar a cuidar da filha. Comovido pela aparência quase patética da mulher, Strike resolve pegar o caso, mesmo sem saber exatamente quem vai pagar, e aí começa uma trama envolvente. focada no livro misterioso e cheio de acusações implícitas que Quinne deixou.

Rowling é mestre em construir personagens e fazer descrições precisas e curiosas sobre lugares e pessoas. Como uma boa história de detetive, Strike começa a entrevistar suspeitos e perseguir pistas enquanto personagens de sua vida particular se mesclam com os do caso em uma história cheia de mistérios e dramas pessoais. Não consigo dizer se gosto mais dos personagens que a autora cria ou do suspense intricado e contemporâneo. Fã de histórias de detetive, estou acostumada aos livros da Agatha Christie e Conan Doyle e de seus detetives genias e excêntricos ao seu modo, Hércule Poirot e Sherlock Holmes.

Diferente dos dois, Strike é ex militar e agente especial, o que o torna um detetive com um método mais formal de investigação e menos gênio da dedução que nem os outros dois. O personagem parrudo, manco e ainda sim imaginativo a dado a ação de Strike é cativante, assim como sua amizade em construção com Robin, sua secretária e aprendiz. É bom ler um livro policial de qualidade que não seja mais da época de veículos puxados a cavalo, só para variar um pouco.

Enfim, se a assinatura de J.K Rowling não for o suficiente, quero dizer que recomendo sua nova série policial, acabei de ler O Bicho da Seda e já espero o próximo ansiosamente. Procure por um tal de Robert Galbraith na prateleira, você não vai se arrepender.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Resenha: Extraordinário - R.J. Palacio




Título: Extraordinário
Autora: R.J. Palacio
Páginas: 318
Editora: Intrínseca

Quando eu terminei de ler Extraordinário a primeira coisa que eu quis fazer foi correr para cá e escrever sobre o livro. Mas achei melhor esperar um pouco, criar uma "margem de segurança emocional" para não correr o risco de ficar piegas e acabar não fazendo jus a todos os méritos dessa obra.

Eu comecei a ler Extraordinário num tranquilo domingo a noite e, cinco minutos depois, lá pela quarta página, já estava soluçando. Testemunhas que me viram nesse mísero intervalo de tempo podem atestar. Não porque o livro é triste, Extraordinário não é triste, é simples e comovente como um bom abraço e dá aquela vontade de pegar todo mundo no colo e dizer que vai dá tudo certo. Extraordinário é um abraço de mãe depois do pior dia na escola, é de chorar e sorrir ao mesmo tempo.

Se até aqui parece que estou falando de uma trama complexa e profunda, saiba que ela é narrada por um menino de dez anos. August, a criança em questão, começa a contar sua história explicando que ele é apenas um menino de dez anos comum, como todos os outros. Ou seria, se mais alguém o visse assim além dele mesmo. 

"Aliás, meu nome é August. Não vou descrever minha aparência. Não importa o que você esteja pensando, porque provavelmente é pior".

Quando ele nasceu enfermeiras fizeram o sinal da cruz, o médico desmaiou e antes que a própria mãe pudesse vê-lo ele já estava a caminho da UTI. Eu poderia escrever aqui o nome da síndrome raríssima que deformou o rosto de August, mas acho que ele merece uma chance melhor. Afinal, como está escrito na contracapa, "Não julgue um livro menino pela capa cara".

Como o livro é narrado através do ponto de vista de um menino de dez anos (e algumas das outras crianças que convivem com ele), os capítulos são curtos, com linguagem simples e com títulos de algo importante que aconteceu naquele dia como "Almoço" ou "Voltando para casa". Parece bobo? Não caia nessa. 

A história gira, obviamente, em torno da vida de August e de como ele tenta não prestar atenção nas pessoas encarando, desviando o olhar ou soltando exclamações de pânico quando olham para ele. Mas com isso August já está acostumado, o grande desafio mesmo vai ser começar a frequentar uma escola. Afinal, se o primeiro dia de aula não é fácil pra ninguém, imagina para alguém como ele.

Não há muito mais que eu possa dizer sobre a história, você vai precisar e realmente deveria ler. Eu poderia citar várias das minhas frases favoritas do livro como, "Se tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil", uma breve pista da humanidade que existem nessas páginas, mas ainda assim não seria suficiente para falar sobre os pais, irmã, amigos e sobre um garotinho que tem que vencer o mundo todos os dias.

Extraordinário é uma lição de vida para todas as idades e a primeira pessoa para quem vou emprestar o livro vai ser o sr. Pedro Gabriel, meu irmão de doze anos que está enfrentando o duro mundo da escola, repleto de crianças que apontam, orelhas grandes demais e pernas curtas demais. Ser rotulado e ter que escolher lados todo dia não é fácil, mas espero que ele sempre tome a decisão mais corajosa.

"A grandeza não está em ser forte, mas no uso correto da força...Grande é aquele cuja força conquista mais corações pela atração do próprio coração".

Preparem o lenço, mente e coração para uma leitura extraordinária.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Resenha: Um estudo em vermelho - Arthur Conan Doyle



Título: Um estudo em vermelho
Autor: Arthur Conan Doyle
Páginas: 149
Editora: Martin Claret

Especialmente em homenagem ao Dia Mundial do Livro, vou fazer minha primeira resenha sobre uma obra de ninguém mais ninguém menos que Sir Arthur Conan Doyle, a "humilde" mente que criou lá em meados de 1880 o detetive mais famoso e representado até hoje, sr. Sherlock Holmes.

Será minha primeira resenha sobre ele, não apenas por homenagem ao dia, mas também porque (por algum motivo) esse é o primeiro livro dele que leio na vida. Nem Freud explica. Recentemente, para me desculpar, comprei três livros do Conan Doyle de uma só vez, assim, no chute, pelos títulos mesmo e eis que dei muita sorte. O primeiro exemplar que peguei na mão era coincidentemente o primeiro livro que o autor escreveu sobre o Sherlock Holmes, então, por pura magia do universo tive o prazer de começar certo, lendo como Watson conhece Sherlock e a qual foi o primeiro caso que eles investigaram juntos.

O nome da obra é "Um estudo em vermelho", livrinho fino, amistoso, pode até parecer que o autor nem tinha muito que falar, ainda estava desenvolvendo a inspiração, mas ledo engano, em 149 páginas Sir Arthur já chuta a porta e mostra a que veio. 

"Um estudo em vermelho" é o nome que o célebre dr. John H. Watson dá a análise e registro do primeiro caso que ele acompanhou junto com seu novo companheiro de apartamento, Sherlock Holmes. Isso mesmo, companheiro de apartamento. 

Diferente do que é provável se pensar, Doyle não começa o livro do ponto de vista do detetive, e sim de um médico combalido, recém-dispensado cirurgião do exército, mandado de volta para casa depois de levar um tiro no ombro e contrair febre tifoide durante a recuperação. Por sorte Watson deixa os acampamentos britânicos da guerra anglo-afegã com vida e volta para Londres (em frangalhos), recebendo pensão do governo para sobreviver enquanto se recupera.

Com pouco dinheiro e sem rumo na vida, Watson precisa achar alguém com quem dividir um apartamento e é nesse cenário que ele acaba encontrando um amigo que comenta sobre um amigo que também está procurando alguém para rachar despesas. E eis que somos apresentados, juntamente com Watson, a um homem magro, alto, de cabelos escuros e nariz fino, enfiado em um laboratório de química. Com a mão descarnada de tanto manusear venenos e ácidos, Sherlock Holmes cumprimenta Watson empolgado, havia acabado de produzir uma substância para identificar manchas de sangue.

Junto com Sherlock, Watson vai visitar o apartamento 221 B na Baker Street e eis que se inicia uma das parcerias mais antigas do mundo das histórias de suspense policial. Nessas 149 páginas, o autor não apenas nos apresenta os dois personagens principais e nos explica como se conheceram, como também apresenta um caso, o caso dentro do caso, sua investigação e desfecho.

Sir Arthur Conan Doyle é mestre. Escreveu o livro em 1887 e sua linguagem ainda é fácil, atual e ao mesmo tempo sofisticada e instigante. Não é a toa que Sherlock Holmes e seu fiel Watson são dois personagens que nunca ficaram velhos e o mundo não cansa de ver novas apresentações da dupla.

Nesse Dia do Livro, os cumprimentos e agradecimentos vão para o velho, barrigudo e bigodudo cavalheiro inglês. Elementar meu caro Watson. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resenha: Trilogia "Jogos Vorazes" - Suzanne Collins




Títulos: Jogos Vorazes, Em Chamas, A Esperança (trilogia)
Autor: Suzanne Collins
Editora: Rocco


Uns trocentos livros lidos desde a última vez que escrevi aqui. Alguns bons, alguns meia boca, outros excepcionais e os últimos três realmente doloridos. Me deram tantas noites mal dormidas que acho que é por isso que resolvi voltar e escrever justamente sobre eles.

Jogos Vorazes. Nem dei bola quando começou o bafafa. Talvez tenha sido culpa de o bafafa ter começado por causa do filme. Ou porque li alguns comentários falando que não era grande coisa e uni isso com minha falta de empolgação com o filme. Enfim, alguns anos depois de lançado o primeiro filme da saga, resolvi que leria antes de acabar assistindo algum. Porque vamos convir que se for pra ser ruim, o livro ainda assim com certeza vai ser melhor. Não custa dar uma chance.

E eis que comecei. Jogos Vorazes, o primeiro já quebrou meu coração a marretadas. Porque o mocinho briga com a mocinha? Desilusões amorosas? Ah não, a trilogia tem seu romance, mas ele é ensaiado pra estar lá, porque num livro desses, ou a autora empurra, ou ele é torturado e morto como todo o resto.

Crueldade é a palavra-chave. Os Jogos Vorazes são uma competição de vida ou morte entre crianças, no final da qual só pode restar uma. Tudo começou há 75 anos atrás quando os 13 distritos que formam o que restou do mundo atual se uniram contra uma capital exploradora. Depois de muita guerra, a Capital venceu, o distrito 13 foi arrasado por completo e os outros 12 restantes, como castigo, começaram a ser submetidos aos Jogos. Uma vez por ano é feita a "colheita". Nesse dia, todos os jovens de 12 a 18 anos são reunidos e um menino e uma menina de cada distrito é sorteado para participar dos jogos.

Os sorteados são chamados de Tributos, colocados num trem rumo a Capital, enfeitados, apresentados ao público e alguns dias depois transportados para uma Arena que a cada ano é projetada com incontáveis armadilhas, feras, venenos e vários outros artifícios bem tecnológicos para tornar um inferno a vida dos tributos, cuja missão é matar uns aos outros, afinal, só pode haver um vitorioso.

A história começa com uma garota de 16 anos chamada Katniss que acaba se voluntariando para participar dos jogos no lugar da irmã de 12 anos, Prim, que havia sido sorteada.

Se o resumo até aqui pode ter parecido um pouco triste, mas bem mais interessante, saiba que realmente não passa nada da dor que é ler a história. Meu irmão de 12 anos leu ao mesmo tempo que eu e ele não teve as mesmas fortes impressões, só achou legal. Eu tenho 30 e achei devastador.

Dou crédito a autora, escreve cenas de guerra, armadilhas, lutas, torturas, pedaços de corpo perdidos como ninguém. Também tem uma sacada política e social digna de aplausos e com certeza a trilogia é muito mais do que eu esperava. Vá em frente, leia. Me disseram que o filme é meio bobo, posso garantir que a última coisa que o livro é é bobo.

Durante toda a história, Katniss Everdeen, a personagem principal, todos os demais vitoriosos que sobreviveram a Arena, assim como mais uma bom número de vítimas das atrocidades da Capital, têm pesadelos. Metade deles acaba com um sério transtorno psicológico, até a hora que acabam mortos, o que acontece eventualmente. Dica, tente não se apegar a ninguém. 

Uma saga muito bem escrita. Brilhante em como explora a natureza humana, ainda mais quando ela está no poder. Difícil de parar de ler, difícil de continuar lendo, complexa, racional, ficcional, cheia de ação, reviravoltas e flechadas no coração, fictícias e literais. Não sei se vou ver o filme. Se ele não for cheio de sofrimento não vai fazer jus ao livro, e se for, acho que já vou levar um bom tempo pra me recuperar dos livros. Por enquanto, espero que escrever esse texto ponha um ponto final nos meus pesadelos. Aplausos Suzanne Collins, mas bem mais misericórdia da próxima vez, por favor.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Resenha: Um Dia - David Nicholls




Título: Um Dia (One day)
Autor: David Nicholls
Páginas: 416
Editora: Intrinseca


15 de julho de 1988, noite de formatura na faculdade. Dexter e Emma que nunca conversaram durante os anos que frequentaram o mesmo campus, se encontram e passam a noite juntos, bebendo, se beijando, conversando sobre o futuro. No dia seguinte, Dexter, um jovem bonito, popular e rico, estaria partindo para uma viajem ao redor do mundo e Emma, uma garota inteligente, cheia de princípios e com baixa auto-estima, estaria partindo para um futuro incerto, do qual ela espera muito, sem saber por onde e como começar.

15 de julho de 1989. Um ano se passou. Emma está escrevendo uma carta para seu amigo Dexter que está em Roma, curtindo a vida enquanto supostamente da aulas de inglês para belas alunas italianas. Emma está com saudades, participando de uma peça de teatro alternativa e sem grandes expectativas, falando para Dexter que seria bom vê-lo.

15 de julho de 1990. Dexter continua sua viajem de "auto descobrimento" e bêbado, escreve uma carta para sua grande amiga Emma, dizendo que sente sua falta e seria ótimo que ela viesse vê-lo. Emma deveria abandonar esses empregos que pagam mal e não a fazem feliz, lembrar que é uma mulher linda, inteligente e divertida e ir passar um tempo com ele conhecendo o mundo. Dexter guarda a carta dentro de um livro, não vai desistir, vai colocar no correio. Entra num bar e uma bela mulher o chama, ele esquece o livro em um canto do sofá e a carta se perde.

Ano após ano, acompanhamos uma história de amor entre dois grandes amigos. Emma simples, trabalhadora, lutando para sobreviver em empregos ruins enquanto sonha em ser escritora e conseguir algo a mais da vida. Dexter, playboy, bonitão, começa uma carreira na tv e usa e abusa de todos os prazeres que o dinheiro pode comprar.

O tempo passa, a vida segue, muda, e a única coisa que permanece é a amizade entre os dois. Uma amizade marcada por encontros e desencontros, cartas, telefonemas, viagens, altos e baixos. Dex e Em, Em e Dex. 

É bonito, triste, bem-humorado, irônico, irreverente, cheio de angustias e expectativas. Duas vidas narradas em vinte anos de amizade. O mérito do autor está em não cair na fantasia, não é conto de fadas, não é romance açucarado, o leitor tem que prestar atenção para entender todas as idas e vindas que duas vidas podem ter e como elas podem correr juntas, mesmo que separadas. 

Como torcer por um amor que acontece mesmo sem acontecer? O que vai ser dele afinal? Uma vez por ano, todo dia 15 de julho, podemos ver como a vida de Emma e Dexter está indo, para onde as escolhas de cada um os levam e graças a isso, Um Dia é aquela espécie rara de livro durante o qual você faz pausas para pensar na própria vida, nas escolhas que fez e no que poderia ser diferente.

Uma história linda... Dex e Em, Em e Dex.


"Parte um, 1988-1992 - Vinte e poucos anos

Foi um dia memorável, pois operou grandes mudanças em mim. Mas isso se dá com qualquer vida. Imagine um dia especial na sua vida e pense como teria sido seu percurso sem ele. Faça uma pausa, você que está lendo, e pense na grande corrente de ferro, de ouro, de espinhos ou flores que jamais o teria prendido não fosse o encadeamento do primeiro elo em um dia memorável.


(Charles Dickens, Grandes Esperanças)"


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Brasil

Não posso perder a chance de deixar registrado aqui, esse momento inédito que vive nosso país. Quem se uniu as manifestações e foi pra rua lutar por tudo que precisa ser melhorado nesse país e para isso depende de um governo justo e honesto, sabe que a emoção de ver milhares de pessoas andando e protestando, em paz, juntas, é indescritível.

Para quem não foi porque tinha outra coisa para fazer no dia, ainda não acabou, ainda haverá outra chance de se levantar e ajudar esse país a ir pra frente. Para os brasileiros que estão fora do Brasil, apoiando, um pouco do que é ir pra rua, embalada por um dos conjuntos de versos mais bonitos já escritos.


Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

São Paulo

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Rio de Janeiro

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Bahia

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Belo Horizonte

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Porto Alegre

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores". 

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Recife

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
 Paz no futuro e glória no passado.

Florianópolis

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.


Brasília - Esplanada

Brasília - Congresso Nacional

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!


Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!


Hino Nacional Brasilerio - Poema: Joaquim Osório Duque Estrada/ Música: Francisco Manoel da Silva


"...pra falar pra eles que não está certo o que eles fazem com o nosso dinheiro, com a nossa saúde, com a nossa educação!!!"






quarta-feira, 5 de junho de 2013

Poesia: Panorama - Cecília Meireles


Panorama


Em cima, é a lua,
no meio, é a nuvem,
embaixo, é o mar.

Sem asa nenhuma,
sem vela nenhuma,
para me salvar.

Ao longe, são noites,
de perto, são noites,
quem se há de chamar?
Já dormiram todos,
não acordam outros...
Água. Vento. Luar.

O trilho da terra
para onde é que leva,
luz do meu olhar?
Que abismos aéreos
de reinos aéreos
para visitar!

Na beira do mundo,
do sono do mundo
me quero livrar.
E em cima - é a lua.
no meio – é a nuvem.
e embaixo – é o mar.
  

5 de junho, dia Mundial do Meio Ambiente. Feliz quem sabe andar por esse mundo e olhar a lua, as nuvens  e o mar.