terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resenha: Trilogia "Jogos Vorazes" - Suzanne Collins




Títulos: Jogos Vorazes, Em Chamas, A Esperança (trilogia)
Autor: Suzanne Collins
Editora: Rocco


Uns trocentos livros lidos desde a última vez que escrevi aqui. Alguns bons, alguns meia boca, outros excepcionais e os últimos três realmente doloridos. Me deram tantas noites mal dormidas que acho que é por isso que resolvi voltar e escrever justamente sobre eles.

Jogos Vorazes. Nem dei bola quando começou o bafafa. Talvez tenha sido culpa de o bafafa ter começado por causa do filme. Ou porque li alguns comentários falando que não era grande coisa e uni isso com minha falta de empolgação com o filme. Enfim, alguns anos depois de lançado o primeiro filme da saga, resolvi que leria antes de acabar assistindo algum. Porque vamos convir que se for pra ser ruim, o livro ainda assim com certeza vai ser melhor. Não custa dar uma chance.

E eis que comecei. Jogos Vorazes, o primeiro já quebrou meu coração a marretadas. Porque o mocinho briga com a mocinha? Desilusões amorosas? Ah não, a trilogia tem seu romance, mas ele é ensaiado pra estar lá, porque num livro desses, ou a autora empurra, ou ele é torturado e morto como todo o resto.

Crueldade é a palavra-chave. Os Jogos Vorazes são uma competição de vida ou morte entre crianças, no final da qual só pode restar uma. Tudo começou há 75 anos atrás quando os 13 distritos que formam o que restou do mundo atual se uniram contra uma capital exploradora. Depois de muita guerra, a Capital venceu, o distrito 13 foi arrasado por completo e os outros 12 restantes, como castigo, começaram a ser submetidos aos Jogos. Uma vez por ano é feita a "colheita". Nesse dia, todos os jovens de 12 a 18 anos são reunidos e um menino e uma menina de cada distrito é sorteado para participar dos jogos.

Os sorteados são chamados de Tributos, colocados num trem rumo a Capital, enfeitados, apresentados ao público e alguns dias depois transportados para uma Arena que a cada ano é projetada com incontáveis armadilhas, feras, venenos e vários outros artifícios bem tecnológicos para tornar um inferno a vida dos tributos, cuja missão é matar uns aos outros, afinal, só pode haver um vitorioso.

A história começa com uma garota de 16 anos chamada Katniss que acaba se voluntariando para participar dos jogos no lugar da irmã de 12 anos, Prim, que havia sido sorteada.

Se o resumo até aqui pode ter parecido um pouco triste, mas bem mais interessante, saiba que realmente não passa nada da dor que é ler a história. Meu irmão de 12 anos leu ao mesmo tempo que eu e ele não teve as mesmas fortes impressões, só achou legal. Eu tenho 30 e achei devastador.

Dou crédito a autora, escreve cenas de guerra, armadilhas, lutas, torturas, pedaços de corpo perdidos como ninguém. Também tem uma sacada política e social digna de aplausos e com certeza a trilogia é muito mais do que eu esperava. Vá em frente, leia. Me disseram que o filme é meio bobo, posso garantir que a última coisa que o livro é é bobo.

Durante toda a história, Katniss Everdeen, a personagem principal, todos os demais vitoriosos que sobreviveram a Arena, assim como mais uma bom número de vítimas das atrocidades da Capital, têm pesadelos. Metade deles acaba com um sério transtorno psicológico, até a hora que acabam mortos, o que acontece eventualmente. Dica, tente não se apegar a ninguém. 

Uma saga muito bem escrita. Brilhante em como explora a natureza humana, ainda mais quando ela está no poder. Difícil de parar de ler, difícil de continuar lendo, complexa, racional, ficcional, cheia de ação, reviravoltas e flechadas no coração, fictícias e literais. Não sei se vou ver o filme. Se ele não for cheio de sofrimento não vai fazer jus ao livro, e se for, acho que já vou levar um bom tempo pra me recuperar dos livros. Por enquanto, espero que escrever esse texto ponha um ponto final nos meus pesadelos. Aplausos Suzanne Collins, mas bem mais misericórdia da próxima vez, por favor.